Crônicas de Comentadores
Bicampeão e mal-amado
A análise ao desempenho do treinador
Bicampeão e mal-amado
Aqui temos um case study. O treinador portista venceu duas ligas em dois anos e, mesmo assim, continua a ser criticado pelos adeptos. Depois de na época anterior lhe ter sido dado um voto de confiança por parte da massa adepta ao FC Porto, fruto da vitória no campeonato, esta temporada, em especial na segunda volta, voltou a ser alvo de muitas críticas.
Apesar de reconhecidamente ter um plantel parco de opções, que as contratações de Janeiro não o equilibraram, de não ter tido um voto de confiança por parte da administração em momentos fulcrais da época e mesmo assim ter conquistado o principal objectivo da temporada não o tornaram imune. A equipa foi sempre dominadora, não teve um único jogo com menor posse de bola que o adversário, o pior que fez foi 50% na Luz e depois disso só os 54% no Dragão contra o Sporting, num colectivo que teve uma média de 64%, a mais alta da liga, sendo que em casa a média foi de 67%. Se juntarmos o dado de ser a equipa que mais oportunidades criou (217) e menos concedeu (57), o facto de até Fevereiro ser considerada a equipa mais equilibrada da competição, sendo em determinados momentos a mais espectacular, deixa ainda maior incredulidade nesta relação com os adeptos. Aliás nos vários parâmetros numéricos que podemos analisar, só nos golos marcados o FC Porto não foi líder, conseguiu 70 contra os 77 do Benfica. No que toca a golos sofridos foi a melhor defesa, concedendo 14 golos ao adversário. 
Mas ainda há mais, apesar de haver muitas pessoas que atribuem o mérito do triunfo na liga ao Estoril, há uma coisa que se esquecem, os homens da linha apenas permitiram aos dragões voltarem a entrar no luta pelo título, para o vencerem teriam de ganhar ao seu maior rival, o Benfica. E nesse jogo Vítor Pereira venceu, foi o único que lutou pela vitória, o único resultado que lhe interessava em três possíveis. Venceu a verdadeira final e, se, na generalidade os campeonatos se decidem com as equipas menos fortes, este não foi o caso, o que decidiu a liga foi a prestação directa entre dragões e águias, onde o técnico portista levou a melhor. Aliás neste confronto, aquele que mais emoções desperta, na liga com Vítor Pereira o FC Porto nunca perdeu, venceu dois e empatou outros tantos, com a particularidade de as duas vitórias alcançadas terem sido em momentos decisivos, tendo uma sido conquistada na Luz e outra no Dragão, o que revela que não foi só o factor casa a pesar.
De referir também que o treinador portista em 60 jogos que efectuou como treinador principal no principal escalão venceu 47, o que lhe dá uma percentagem de 78, um número pouco usual mesmo num campeonato bicéfalo. Acrescentar ainda que nessas mesmas 60 partidas apenas perdeu uma, um número verdadeiramente absurdo em futebol de alta competição, só ao alcance de quem tem valor. Comparando os números de 2012 com 2013, fez mais três pontos em 2013, marcou mais um golo e sofreu menos cinco. Teve o mesmo número de empates, tendo tido mais uma vitória e acabando invicto, uma palavra muito querida cidade, algo que acontece pela segunda vez na história do clube. Como se pode constatar, a equipa melhorou a todos os níveis.
Mas nem tudo são rosas, o técnico azul-e-branco também cometeu erros. Começando na composição do plantel e nos seus equilíbrios em Janeiro, onde ou tem pouca voz ou fez más opções, fica a dúvida, sendo que num caso ou noutro a responsabilidade é sua. Também o futebol estereotipado que, apesar de ter resultado, demonstrou falta de alternativas, A equipa depende muita da veia criativa de James, de capacidade de organização de Moutinho, da frescura física de Lucho e dos golos de Jackson, uma unidade que esteve sempre disponível, escondendo assim os malefícios que a sua ausência podia criar. Também a excessiva utilização de Defour nas alas custou-lhe dissabores, não tanto no campeonato, mas principalmente na final da Taça da Liga e na Liga dos Campeões, A equipa com o belga nos flancos perde criatividade, o que se traduz em menos oportunidades e golos. Notou-se também alguma incapacidade de gestão para orientar algumas jovens estrelas, Iturbe foi o primeiro exemplo e James veio a seguir. O colombiano lesionou-se num excelente momento de forma e quando voltou esqueceu-se que não vinha de igual modo, aí o Vítor Pereira nunca lhe conseguiu fazer ver as diferenças. Em sentido contrário recuperou Defour, que depois do jogo de Málaga passou de tolerado a odiado, mas que o técnico nunca abandonou, por vezes pecando por excesso. Também Varela teve o dedo do treinador, depois de uma fase negra foi recuperado, sendo de grande importância nesta fase final de campeonato.
Perante isto, caso Vítor Pereira saia do comando técnico, a questão que fica é: como é que se dá um voto de confiança a um treinador, um prémio pelo seu bom desempenho em 2012, e em 2013 se retira essa confiança, quando a produção colectiva melhorou?
Comentador: Pedro Santos Pereira
Fonte: www.vantagemnumerica.pt
Autor: Pedro Pereira
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