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Sábado, 20-04-2024 02:06
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Já se respira com mais tranquilidade em Barcelos. O Gil Vicente continua
em zona de descida, no penúltimo lugar, mas a vitória nos Barreiros, a
primeira da história do clube no terreno do Marítimo, fez os barcelenses
entregar a lanterna vermelha ao Penafiel.
Os triunfos diante do Penafiel e do Marítimo são os únicos do Gil
Vicente nas primeiras 20 jornadas da Liga e têm um denominador comum:
Simeone Tochukwu Nwankwo. O que sobra em altura
(segundo o site oficial do clube de Barcelos faltam-lhe apenas 2
centímetros para os dois metros), cortou-se no nome e no mundo da bola o
nigeriano de 22 anos é apenas Simy, o gigante da frente de ataque do
Gil Vicente.
O nigeriano de 22 anos é apenas
Simy, o gigante da frente de ataque do Gil Vicente.
O avançado marcou o golo que carimbou os três pontos em ambos os
triunfos e, por isso mesmo, é a figura desta ameaça de recuperação que o
Gil Vicente está a protagonizar.
Simy falou à
MF Total e deu conta das desconfianças aquando da vinda para Portugal e da importância de José Mota na sua carreira.
«Agarrei-me ao sonho de jogar na primeira divisão de Portugal»
A história de Simy começou a cruzar-se com o futebol aos quatro
anos, altura em que integrou a equipa do Guo, clube de Lagos, cidade
nigeriana de onde o jogador é natural. Os primeiros adversários foram os
estudos, com quem tinha de dividir os pontapés na bola.
«Só podia jogar à bola depois da escola», refere o jogador que
se mudou para Portugal quando ainda era júnior. Na Nigéria não era
profissional, estava ainda na formação quando surgiu a possibilidade de
se mudar para o Portimonense e assinar desde logo um contrato
profissional.
«São culturas completamente diferentes, mas foi um bom passo para mim», reconhece.
Simy recorda que a mudança não foi fácil.
«Foi uma decisão muito difícil. Eu queria vir, tinha esse sonho. Mas
uma coisa é mudar de clube no teu país, outra coisa é sair do teu país,
sem os pais, quando ainda és menor. Foi uma decisão difícil, os meus
pais compreenderam e não estou arrependido. Tivemos de ter muito
espírito de superação e de sacrifício».
Tal como a tomada de decisão, também os primeiros tempos no Algarve foram difíceis.
«Senti muito a falta da minha família, foi mesmo muito complicado e
apenas o tempo ajudou a adaptar-me. Agarrei-me ao sonho de jogar na
primeira divisão de Portugal», diz de forma nostálgica o avançado do nigeriano.
«Dispensável por João de Deus? Não foi fácil nem difícil»
Depois de dar nas vistas em Portimão, onde jogou duas temporadas na
equipa principal, Simy mudou-se para o Gil Vicente. Para trás deixou
uma marca de 19 golos nas duas temporadas em que disputou a II Liga ao
serviço do Portimonense.
Cobiçado por vários clubes, Simy foi a grande contratação do Gil
Vicente na época passada. Foi apresentado com pompa e circunstância,
sendo mesmo a grande surpresa da festa de apresentação oficial da equipa
gilista aos seus associados.
Não conseguiu apontar qualquer golo, apesar de ter sido utilizado em 22 jogos por João de Deus.
Um registo que o colocou no lote de dispensáveis no início da
presente temporada. Estava no plantel enquanto nos gabinetes se
arranjava uma solução para avançado. O empréstimo era o cenário mais
provável, mas o arranque em falso da equipa de Barcelos e a troca de
treinador trocaram as voltas ao destino de Simeone Nwankwo.
«Foquei-me sempre ao máximo no meu trabalho para ser opção e estar à
disposição do treinador. O resto são coisas do futebol. Não foi fácil
nem difícil, limitei-me a trabalhar sempre», atira Simy, em relação ao arranque de época tremido.
Nova vida com José Mota: «Dá-me confiança»
Com a chegada de José Mota as coisas foram diferentes. O novo
treinador do Gil elogiou a perseverança e o trabalho do avançado numa
das primeiras conferências de imprensa em que falou como líder máximo do
grupo de trabalho gilista.
Nem foi preciso perguntar, saiu espontaneamente a Simy.
«Estou muito grato ao José Mota. Tem sido muito importante para mim,
porque tem-me dado confiança e oportunidades para fazer o meu trabalho», referiu o jogador sobre José Mota.
O nigeriano já leva oito golos com a camisola do Gil Vicente.
Depois da primeira época em branco, estreou-se a marcar na Taça da Liga e
inscreveu o seu nome no principal campeonato português com um bis no
Estádio do Bessa. Dois golos que não valeram qualquer ponto, mas que
ainda assim não travaram a ambição do avançado.
Seguiram-se mais quatro golos na Liga; todos eles deram em pontos
para o Gil Vicente. Marcou ao Estoril, Penafiel, V. Guimarães e mais
recentemente ao Marítimo.
«Não me sinto o herói da equipa. Mas, como qualquer avançado, quando
se marca golos sentimo-nos bem. A equipa está sempre acima de tudo e o
mais importante é que os meus golos possam ajudar o Gil Vicente», revelou o avançado que já leva oito golos na presente temporada.
«Sonhos do Simy? Ganhar ao Paços no sábado»
De poucas falas, mas de sorriso fácil, Simy referiu-se várias vezes aos «sonhos» na conversa que teve com a
MF Total. Primeiro o sonho de ser profissional, depois
de jogar no principal escalão do futebol português. E agora? Quais são
os sonhos do nigeriano?
«Só penso no Gil Vicente. Não tenho nenhuma meta de golos nem outros
pensamentos. O meu sonho é ganhar ao Paços de Ferreira no sábado, que é
um adversário fortíssimo e temos de estar à altura para conseguir outra
vitória», mencionou Simy deixando vir ao de cima a sua enorme
honestidade e ao mesmo tempo evidenciando o respeito que tem pelo Gil
Vicente.
À insistência, o gigante avançado, um dos jogadores mais altos da Liga, esconde-se atrás da sua altura e sorri:
«Eu, tal como os meus colegas, estamos focados no nosso trabalho. O
objetivo do Gil Vicente é o mesmo do início da época: a manutenção; é
por isso que eu luto e é por isso que vou continuar a trabalhar».
Entendido. O foco de Simy está no Gil e, pelo menos para já, não
entra em aventuras nem ousa esboçar voos mais altos. O avançado que se
destaca pela envergadura física espera poder continuar a ajudar o Gil
Vicente na luta pela manutenção. Afinal de contas, garante
«que foi sempre nisso que esteve focado, em fazer o seu trabalho».