Entrevistas de Entidades/Organizações
Hugo Cruz
Coordenador camadas jovens Mealhada
Hugo Cruz

HUGO CRUZ

Coordenador camadas jovens (futebol 11) Grupo desportivo Mealhada
Época 2012/2013

"Que não falte nada a nenhum treinador para fazer o seu trabalho, que todos os atletas e pais saibam que se podem dirigir a mim com qualquer problema...

AF – Como aconteceu o convite para coordenador?

HC –  O convite foi feito pessoalmente pelo Presidente da Comissão Administrativa, Luís Oliveira , que procurava pessoas  que partilhassem as mesmas  ideias  para o futuro do Desportivo. Este Projecto é o que sempre defendi para o clube - racionalidade para chegar à qualidade - e, como tal, aceitei de imediato para ajudar, no que quer que fosse necessário.

AF – Na época passada a comissão  administrativa foi elogiada um pouco por todos os quadrantes, por esse motivo foi “pressionada” a continuar. A época passada, 2011-2012 serviu de tónico para aceitares este convite?

HC – Claro que sim. Jamais  aceitaria  o convite se não concordasse  com o projecto. Acompanhei a época passada de perto e fui testemunhando os (muitos) passos  difíceis que a anterior CA teve que dar. Acho sinceramente que todos nós, sócios do Desportivo, temos que estar gratos pela coragem e trabalho realizados. Assim, tinha que estar presente para ajudar à continuidade do projecto.

AF – Quais os objectivos para esta época nas camadas jovens?

HC-  No ano passado conseguimos colocar todos os escalões na 1ª Distrital. O objectivo desportivo, terá sempre que passar pela manutenção de todos eles, de forma a nos afirmarmos. A 2ª Distrital tem que passar a ser algo do passado e penso que esta temporada será fundamental para criarmos essa  cultura, esse hábito de estarmos entre os melhores. Para ajudar à transição de Futebol de 7 para Futebol de 11 criámos pela 1ª vez uma equipa “b” de Iniciados. Mas obviamente que não só de resultados vive a formação. É verdadeiramente importante que a qualidade do nosso trabalho aumente, por via de melhores treinadores, melhores condições de trabalho e melhor organização. São factores difíceis de contabilizar, “invisíveis” diria, mas que são fundamentais para que o nosso trabalho de formação de desportistas e de Homens seja reconhecido por atletas, pais, rivais e pela nossa comunidade em geral.

AF- Quais os teus objectivos como coordenador?

HC- Os meus objectivos passam por realizar todos os objectivos das camadas jovens. Que não falte nada a nenhum treinador para fazer o seu trabalho, que todos os atletas e pais saibam que se podem dirigir a mim com qualquer problema. Com humildade e espírito de equipa sei que todos os objectivos se concretizarão.

AF – Achas importante que haja colaboração entre os escalões? Ex: jogos treino.

HC – Há alguns anos atrás, o treino de conjunto era a única forma de se reproduzir em treino a especificidade do jogo. O treino consistia em correr muito, quase sempre sem bola. Hoje o entendimento que se tem do treino é muito diferente e orgulhamos-mos de ter treinadores com métodos modernos, em que a bola está sempre presente em exercícios que reproduzem os esforços e acções especificas do jogo. Nesse sentido, o jogo de treino terá perdido alguma da sua importância, mas julgo que nada o substitui nas vantagens que traz para a preparação. Para além de ser um factor de integração e “espírito de clube” para todos os atletas.

AF – O que achas da nova regra de transferências 

HC - Sinceramente acho positiva. Mas não quero ser mal interpretado. Acho que o futebol tem que proteger, acima de tudo, os atletas. Se um atleta não está satisfeito num certo clube, acho que deve sair e procurar ser feliz. Nesse aspecto é muito positivo. O que cabe aos clubes fazer é prestar o melhor serviço e ser a melhor “casa” possível, de forma a diminuir a instabilidade que a regra veio criar na constituição dos planteis. Acho, no entanto, que a regra está incompleta, algumas situações menos boas deviam estar acauteladas... Esta regra prejudicou-nos esta época, devido à instabilidade directiva, mas assim que nos organizámos e reagimos, penso que conseguimos fazer um trabalho positivo na construção dos planteis, crédito que vai para os treinadores. Incutimos aos jogadores o “Amor à Camisola” que foi nosso lema no ano passado e que este ano passou a ser “O mesmo Amor com mais Rigor” de forma a que os atletas sintam orgulho em representar o Desportivo.

AF – Existe alguma matriz em termos de sistema de jogo que seja praticada nos escalões futebol 11 para depois haver uma maior facilidade na adaptação quando os jovens chegarem a seniores?

HC – Hoje, nos Seniores do GDM, 85% dos atletas foram formados na casa, o que por si já representa muito. De facto, existe uma matriz geral, que engloba o sistema de jogo e alguns princípios de jogo, mas sobretudo modelos de comportamento ou princípios morais e regras de conduta. O objectivo é que o atleta evolua, sempre respeitando o que queremos que seja o atleta do Desportivo: ter espírito de melhoria continua, ser forte psicologicamente e ter  um  comportamento irrepreensível. Desportivamente, procuramos trabalhar de acordo com as melhores práticas, respeitando as várias etapas de aprendizagem, de forma a formar jogadores de qualidade cada vez maior para a nossa equipa Sénior. Claro que a adaptação a Sénior nunca será fácil, pois as diferenças são muito grandes, mas teremos que trabalhar para diminuir esse hiato e facilitar a continuidade no Desporto.

AF – Nas camadas jovens existem vários temas pertinentes, para hoje escolhemos a relação com os Pais dos jovens atletas. Entre esclarecimentos porque não jogam, pedidos para jogar e ameaças que não voltam, o que se deve transmitir aos Pais? 

HC – A nossa politica é de ouvir as pessoas. Na pré temporada fiz questão de reunir com os pais e explicar que os problemas são para me transmitirem a mim e ao director de cada escalão e para deixarem o treinador... treinar! Os pais têm o direito de exigir de nós, assim como nós deles  e só assim podemos todos evoluir na educação dos nossos atletas.

AF – O desempenho escolar dos jovens atletas é uma preocupação para o clube?

HC – Sim, sempre primeiro a Escola. Mas depois tem que estar o futebol. Este assunto foi abordado na reunião com os pais. Incentivamos o estudo programado, de forma a minimizar as faltas aos treinos nas vésperas, mas quando é incontornável os atletas são dispensados do treino. Não sou apologista de castigar quem tem negativas, está provado que não é a melhor solução para levantar as notas. Mas pelo Natal vamos estar atentos aos resultados e acompanhar a sua evolução de perto.

AF – As novas tecnologias estão cada vez mais evoluídas, achas que podem ser uma mais valia na formação, no ensino do futebol amador ou profissional?.

HC-  Acho que as tecnologias de informação são fundamentais. Contribuem para a discussão e difusão de melhores práticas de treino, ideias de jogo, conhecimentos ao nível nutricional, do desenvolvimento psico-motor, até as leis de jogo. Tudo hoje está à distancia de um click e cabe a cada um de nós, que andamos nisto mais por gosto que por qualquer outra razão, evoluirmos também e aprendermos. Mas também possibilita estar mais perto dos sócios e adeptos e de todos que simplesmente gostam de futebol. Exemplo disto é o projecto GDM TV, um canal do youtube com resumos de jogos e entrevistas a treinadores e jogadores.


Autor: Nuno Simões