Crônicas de Comentadores
Real e United protagonizaram jogo épico
Análise da 2ª mão dos oitavos de final
Real e United protagonizaram jogo épico

Que jogo frenético este! Manchester United e Real Madrid protagonizaram um grande jogo de futebol.

As duas equipas vinham bem embaladas. A da casa tem uma vantagem confortável sobre o segundo classificado que é o seu rival de Manchester. O Real vinha de duas boas vitórias sobre o rival Barcelona.

A atmosfera sobre o encontro era de festa. Esperava-se o regresso de Ronaldo a Old Trafford desde que deixou o clube. Os treinadores respeitam e admiram-se mutuamente. Os adeptos estavam em festa, enfim. Todas as condições estavam reunidas para o encontro que foi classificado por muitos como a final antecipada.

As equipas entraram muito nervosas em campo. Passes falhados, cortes disparatados, lances mal construídos, acusaram claramente a pressão do jogo.

Mas desde logo se percebeu o que os treinadores queriam do jogo. Ferguson montou uma estratégia muito inteligente. Quando não tinha bola baixava bem as suas linhas para não permitir espaço nas costas da sua defesa que não prime pela rapidez, pressionar as peças que construem o jogo dos madrilenos e quando tinha bola rapidamente era lançada num dos homens da frente ora Welbeck ora Van Persie que eram apoiados por Nani e Giggs.

O Real tentava assumir o jogo mas foi sempre muito lento. Era necessário rodar a bola com rapidez de um flanco para o outro para desequilibrar a defesa contrária, mas nunca foi eficaz nessa tarefa, mérito do United que fechava sempre muito bem os espaços tanto no miolo com Carrick e Cleverley ora nas alas com Nani e Giggs.

O United foi a equipa mais perigosa na primeira parte. Quando conseguia ligar as suas jogadas de contra ataque criava algum perigo. Welbeck foi sempre um jogador em destaque pela velocidade que oferecia ao jogo quer ao centro quer nos flancos quer em desmarcações nas costas da defesa.

O Real estava maniatado. Tinha as suas peças bem marcadas e Ronaldo tentava aparecer mas era imediatamente rodeado por dois ou 3 jogadores da equipa da casa.

O jogo foi para o intervalo em zero igual e apesar de tudo aceitava-se.

No segundo tempo o United entra muito bem e consegue mesmo o golo numa jogada de insistência com Nani em destaque, forçando o auto golo de Sérgio Ramos.

O Real tinha agora uma tarefa ainda mais complicada pois tinha de marcar um golo para empatar a eliminatória. Mas o United continuava bem fechado na sua retaguarda e ameaçando sempre em rápidos contra ataques.

Até que surge, quanto a mim, o momento decisivo do jogo. Um lance disputado entre Nani e Arbeloa em que os dois ficam no chão. O árbitro marca falta, e bem, a favor dos madrilenos mas consegue surpreender o mundo do futebol e exibe o cartão vermelho ao português.

Sem qualquer tipo de patriotismo, nota-se perfeitamente que Nani tem os olhos na bola, que está no ar, e salta com o pé no ar com a intenção de a dominar. É bem claro que o jogador não se apercebe que tem um adversário nas costas. Admitindo que é falta, admitindo que Nani foi imprudente e perigoso até, seria perfeitamente justo que lhe fosse mostrada a cartolina amarela. Mas o árbitro conseguiu ver e entender o que ninguém entendeu. Um erro claro que a este nível é inadmissível.

A partir daí entra em acção José Mourinho. Logo de seguida e sem perder tempo faz entrar Modric em jogo e abdica do lateral Arbeloa. Mas as alterações com a expulsão de Nani não foram apenas no Real, também foram no United pois Welbeck, que era a carraça de Xabi Alonso e não o deixou construir o jogo dos madrilenos alterou a sua posição para ir fechar o flanco, fragilizado com a saída de Nani. E então o Real ganha a triplicar. Porquê? Fica com mais um jogador em campo, vê o seu melhor médio de construção e com melhor qualidade de passe e visão de jogo que é Alonso ficar livre de marcação e é adicionado um jogador com a qualidade de Modric ao meio campo. Fica claramente em vantagem.

A meu ver, Ferguson podia e deveria ter reforçado o meio campo mas Mourinho foi mais perspicaz.

O United a parir daí nunca mais conseguia sair a jogar. Joga de mestre de Mourinho que deu um sinal claro à equipa que era esta a oportunidade deles e era para ir para cima com tudo.

Até que Modric tira um coelho da cartola e faz um belo golo fora de área sem hipóteses para De Gea. Estava assim empatada a eliminatória e o United em maus lençóis.

O Real continuou a pressionar e logo chegou ao segundo golo com uma excelente jogada entre Modric, Ozil, Higuain e Ronaldo que fez um belo golo e com um gesto de grande humildade ao não festejar o golo, pedindo até desculpas.

Ferguson tenta mexer na equipa e a verdade é que o Real depois de estar a vencer baixa as suas linhas novamente apostando na solidez defensiva e em contra ataques rápidos. O United nunca desistiu e com muito coração criou muito perigo junto à baliza de Diego Lopez que assumiu o protagonismo e efectuou excelentes intervenções que poderiam dar a vitória ao United. Claro que a equipa de Ferguson destapou a sua defensiva e não fosse um Ronaldo com a pontaria desafinada e a eliminatória poderia ter acabado mais cedo ainda.

Uma palavra para o enorme coração do United que mesmo subtraído de um jogador, mesmo a perder a eliminatória e com a obrigação de marcar dois golos para seguir em frente lutou sempre e fez “tremer” o Real.

A vitória do Real é justa porque marcou mais golos, mas profundamente manchada pelo erro do árbitro que alterou completamente o jogo.

Como disse Mourinho após o encontro, e com grande humildade, se não tivesse existido a expulsão o Real não teria ganho o jogo.

Quanto à arbitragem, para além do erro na expulsão de Nani, não viu uma grande penalidade a beneficiar o Real por mão de Rafael em cima da linha de golo e consequente vermelho directo. E não viu a mão de Ramos a um remate de Welbeck. Tendo em conta que, quanto a mim, a expulsão foi decisiva no jogo e foi uma decisão errada, terei de dar uma nota negativa ao trabalho do árbitro e da sua equipa.

Quero destacar deste jogo um senhor do futebol, uma lenda viva chamado Ryan Giggs. Que exemplo este senhor é para todos aqueles que adoram futebol. Jogou os 90 minutos com 39 anos de idade e completou o seu jogo 1000! Um feito ao alcance de poucos. E que bem ele jogou, grande qualidade de passe, visão de jogo, maturidade para perceber se deve acelerar ou acalmar o jogo, intensidade, velocidade, técnica e liderança. De facto um jogador ímpar.

Gostaria também de destacar o papel dos treinadores. Fantástico o modo como abordaram o jogo antes, durante e depois. Marcante o momento em que Mourinho troca algumas palavras com Ferguson durante o jogo, mostrando a grande cumplicidade e respeito mútuo que têm e a forma de estar que ambos têm no futebol.

De enaltecer também os adeptos presentes. Bonita homenagem fizeram a Ronaldo, aplaudindo e recebendo-o muito bem antes do jogo mostrando que não foi esquecido e que é adorado independentemente da camisola que usar. Ronaldo retribuiu e referiu mesmo que nunca irá esquecer aqueles momentos.

É sempre bonito ver quando o futebol é uma festa partilhada por todos os intervenientes.

Foi um excelente jogo de futebol que ficará certamente para a história. Defrontaram-se dois colossos do futebol mundial e dois dos melhores  treinadores do mundo. Seguiu em frente o Real Madrid mas poderia muito bem ter sido o Manchester United.

Fica para a história o resultado e na memória dos amantes do futebol este duelo de titãs fabuloso.

Comentador: Luís Pinheiro
Autor: Luís Pinheiro
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