Wilson Eduardo foi a figura da tarde-noite
portuguesa na Liga Europa. Os dois golos que fez e que puseram fim à
série extraordinária de 16 vitórias europeias consecutivas do Atlético
de Madrid mereciam melhor sorte para a equipa da Académica, que apesar
de tudo ainda fica - como Marítimo e Sporting, de resto - em posição
muito complicada para obter o apuramento. Afinal, ao fim de 12 jogos, esta foi a primeira vitória lusa na prova.
O que faz pouco ou nenhum sentido é o aproveitamento demagógico deste
sucesso do jovem Wilson face à má fase do Sporting. Pretender que com o
extremo emprestado à Académica os leões estariam muito melhor é não
entender nada do que está a passar-se em Alvalade, onde nem jogadores de
experiência internacional resistem à enorme pressão da falta de
resultados. Wilson Eduardo pode vir a ser útil ao Sporting, mas não é
normal que se espere que fosse ele a resolver os problemas de uma equipa
que atravessa a maior crise da sua história.
Porque o problema do
Sporting não é Van Wolfswinkel, que por sinal fez ao Genk o seu sétimo
golo desta época, nem são tão pouco Carrillo, Labyad, Viola, Capel,
Jeffren ou quem quer que seja. O problema do Sporting é a contaminação
destes jogadores por um clima de miséria que se espalha a quem por ali
andar e que rapidamente atingiria os Wilsons Eduardos desta vida. Por
isso, perdidas também as hipóteses de apuramento nesta Liga Europa -
onde só um milagre salvará agora os leões - até acaba por ser melhor que
eles fiquem onde estão e mantenham a confiança intacta para que o clube
possa começar já a preparar a próxima época, através da definição de
uma política desportiva viável. E essa, não duvidem, tem de passar por
uma redução de custos fundada na integração gradual dos produtos da área
de excelência do Sporting - que é a formação - com jogadores
estrangeiros ou portugueses mais experientes que os enquadrem e lhes
proporcionem solidez competitiva.
Em Jogo, TSF, 9/11