BEM VINDO AO NOSSO SITE
Terca-feira, 10-12-2024 15:05
Periodicidade Semanal Nº 4241
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"Gosto de ter jogadores que gostem de trabalhar, que gostem
de jogar. Quem não esta habituado a pensar em vencer vai ter de respirar
vitoría comigo!"
AF - Segundo Lugar Divisão de honra AF Coimbra, eram candidatos ao
primeiro lugar?
Patrício – Sim, queria ser campeão este ano, não foi o objectivo que a direção
me pediu, tinhamos noção que o orçamento tinha sido reduzido para um pouco mais
de metade. Mas isso não poderia ser uma limitação para mim, então a postura é a
mesma como tenho feito por onde tenho passado. Apostar em jovens que tenham
ambição, que goste de trabalhar e que leve isto a sério. Claro que não são
profissionais, mas é muito importante levar isto muito a sério.
Apostar nos underdogs, miudos jovens, alguns deles já tinham trabalhado comigo
no Gandara, ex Rodrigo, Rafael, Maricato. Tento estar sempre informado acerca
dos jogadores, não só a qualidade técnica ou tactica pois isso eu vejo, tento
falar com as pessoas e perceber se eles tem a capacidade perceber e integrar a
minha filosofia, a filosofia das minhas equipas.
A minha filosofia de trabalho é:
O grupo é o mais importante, se o pessoal tiver de se sacrificar então sacrifica, que sejam amigos, que não hajam vedetas, independemente das idades evitar aqueles jogadores que criam atritos dentro do grupo para que se consiga construir um grupo forte.
AF - O Segundo lugar satisfaz?
Patrício – Não, queria vencer o campeonato!
AF - Vitoria na taça da AF Coimbra, como foi o percurso até a final?
Patrício – Vitória justa, estudamos a equipa adversária e praticamos um futebol como temos vindo a fazer no campeonato. Acabou por ser um prémio digno pelo campeonato e taça que fizemos.
AF -Neste momento como se sente depois de concluida a época?
Patrício – Sinto que se a época começasse agora, seriamos campeões! A maioria dos jogadores não estavam habituados a jogar a este nível, habituados a pressão de ter que ganhar todos os jogos. Não poder facilitar, assumir todos os jogos em todos os campos, desgaste psicológico, desgaste físico. E algumas saídas como a do carlinhos que não fui capaz de “cortar” as pernas, para mim o jogador esta primeiro e a direção foi excelente nesse campo. Saída do Romeu por questões de trabalho, Tiago freitas com problemas de saúde graves, tudo jogadores mais experientes estas foram algumas situações que se não tivessem acontecido poderiamos certamente ser campeões.
AF -O que lhe da mais gozo sendo treinador de futebol?
Patrício – Atleta de Karaté e treinador, os meus atletas
do karaté ainda não acreditam que sou treinador de futebol e os do futebol não
acreditam que já fui treinador de karaté. Adoro o futebol, quando entro na
faculdade é porque queria ser treinador de futebol, quando venho para o futebol
não estou a trabalhar, estão a permitir que eu faça aquilo que gosto.
Adoro a pressão, coloco pressão em mim mesmo, não preciso que metam pressão em
mim. Gosto da competição, gosto de trabalhar para a vitória, odeio a derrota,
mas a derrota faz-me trabalhar mais.
AF - Quais as caracteristicas que mais aprecia num jogador?
Patrício – Técnica é muito importante mas a formação que ele teve é muito importante, tacticamente sinto que trabalho muito os jogadores, mas a parte psicológica sinto que é a parte mais importante porque o resto eu trabalho.
Gosto de ter jogadores que goste de trabalhar, que goste de jogar. Quem não esta habituado a pensar em vencer vai ter de respirar vitoría comigo!
AF - Tem algum ritual antes dos jogos?
Patrício – Não, já tive uma brincadeira que nos fizemos no
meu primeiro como treinador contra a naval e eu com os juniores do febres.
Nesse jogo os miudos estavam todos a tremer, estavam habituados a levar “sacos”
da Naval, tinhamos um jogador Julian, religioso, tinha uma biblia e eu abri a
mesma apontei para uma frase e saiu uma frase do género: Juntos somos capazes
de tudo.
Ganhamos 1 zero num jogo difícil e os jogadores nos jogos
seguintes pediam para ler uma frase. Fora isso não tenho nenhum ritual.
AF – E na noite antes de um jogo como te sentes?
Patrício – Tranquilo, sofro mais depois dos jogos, libertado da pressão, e quando não ganho não durmo, toda a gente olha para mim e já sabia que tinha perdido.
AF - O cargo de treinador de futebol é muito procurado e ambicionado por muitos jovens, que conselho dá a quem tem o sonho de treinar equipas séniores?
Patrício – O futebol sénior não é para qualquer um da
mesma forma que o futebol dos mais jovens também não é para qualquer um. Uma
equipa de sénior é bastante complicada, o homem cá fora muitas vezes não é o
jogador la dentro. Existem pessoas cá fora que são fantasticas mas la dentro
para o treinador, ou para os colegas são horriveís. É preciso estofo para lidar
com isto.
Se uma pessoa quiser mesmo treinar séniores, deve ligar-se a um treinador com
experiência para lhe ensinar as manhas do futebol.
Aprendi muito com toda a gente, mas tenho 3 pessoas que me ajudaram muito.
Mister Niza que na parte psicologica é o melhor, é muito bom. O professor Mário
Monteiro, preparador fisico de Jorge Jesus que puxou por mim e fez-me subir uns
degraus.
E o mister Zé Nando que me ensinou muita coisa na parte tactica, naturalmente
sou um pouco dos três.
AF - Qual a Liga que lhe enche as medidas como adepto?
Patrício – Liga Inglesa, estádios sempre cheios, a equipa a perder e o estádio a apoiar…
AF - Qual o jogador a nivel Mundial que gosta de ver jogar e porquê?
Patrício – Cristiano Ronaldo! Messi será o melhor de sempre mas o Cristiano nunca se rendeu, na garra, no esforço, um vencedor nato com um espirito fantastico que me faz sentir orgulhoso por ele ser Português.
AF - Treinador que admira?
Patrício – José Mourinho, é um treinador que eu admiro, foi um dos primeiros a aplicar a periodização tactica, transforma as equipas a imagem dele, personalidade vencedora, agrada-me bastante. Falta um pouco a todos nós Portuguêses a “arrogância” de Mourinho para deixarmos de ser os coitadinhos.
Gosto também do Vilas Boas, secalhar gosto mais do estilo de jogo do Vilas Boas, Mourinho é demasiado vertical e as minhas equipas tem de ter mais posse de bola.
Futebol de formação
AF - Que ideia tem do futebol de formação a nível distrital? É apoiado?
Patrício – Começo logo por dizer que na minha opinião não
existe formação, trabalha-se muito mal a todos os níveis. Não se sabe que tipo
de jogador se quer criar, só se pensa em ganhar em idades muito tenras o que é
uma barbaridade, vale tudo para ganhar. Existe muita pressão dos Pais nos
clubes, e os clubes devem saber blindar-se ou ter pessoas capazes de comunicar
com os Pais, o problema é que as pessoas que sabem fazer isso tem de ser pagas.
Há muito treinador sem formação, dão os treinos que tiveram quando jogavam.
AF - Qual o perfil de treinador que devera estar afrente de equipas de formação?
Patrício – Alguém com pedagogia, alguém que consiga chegar aos garotos, alguém que trate da parte psicológica, de preferência uma equipa multidisciplinar. Não pode ser o homem que esta disponivel no clube, o pai do avançado que até esta sempre presente a dar o treino, tem de haver competência.
AF - Costuma procurar conteúdo para treinar na internet?
Patrício – Faço muitas pesquisas em tudo, mas existe muita porcaria e é fácil perder-se quem não esta habituado a filtrar.
AF - O que acha que faz falta na internet para ajudar os treinadores?
Patrício – Faltava alguma entidade como o Mourinho vir dizer como se fazem certas coisas. Mas eles não o vão fazer, existe alguma partilha mas ninguém da o seu sucesso a ninguém. Cada um de nós deve pegar no que vê e ter a capacidade de adaptar a nossa necessidade, mediante a semana de treino ou jogo.