A Federação Portuguesa de Futebol anunciou que, na próxima época, todos os jogos do campeonato vão contar com o sistema de vídeo-árbitro para auxiliar o juiz da partida nas decisões cruciais do jogo. O vídeo, que tem sido testado esta época em vários jogos, vai ser usado já na final da Taça de Portugal, a 28 deste mês. Esclareça todas as dúvidas sobre como funciona. A Federação publicou no seu site um vídeo que ajuda esclarecer algumas das dúvidas. Tem também as respostas para várias das dúvidas levantadas.
- Quem vai desempenhar as funções de vídeo-árbitro? Podem exercer as funções de vídeo-árbitros os juízes de primeira categoria que estejam no ativo e aqueles que tenham terminado a carreira há pouco tempo. Neste segundo caso, só podem ser escolhidos árbitros que tenham apitado na categoria dos jogos que vão analisar. A FPF segue, neste caso, as normas do IFAB (International Board), o órgão independente que estipula as leis do futebol.
- Onde está o vídeo-árbitro em cada jogo? O projeto da Federação Portuguesa de Futebol prevê a instalação de um centro de vídeo-arbitragem na cidade do Futebol, junto ao Estádio Nacional, em Oeiras. A ideia é que as imagens sejam transmitidas dos estádios para este centro, onde ficarão colocados os vídeo-árbitros. Estes vão estar em contacto áudio permanente com os colegas que apitam no relvado. Os testes realizados até agora permitem esperar que haja um intervalo máximo de 1,7 segundos entre o lance e a chegada das imagens respetivas ao centro. Mas fonte da FPF diz ao CM que, numa primeira fase, é possível que sejam usadas carrinhas móveis, com a presença física do vídeo-árbitro no estádio onde o jogo decorre. Sobretudo no caso de estádios onde o sistema de transmissão por fibra não esteja ainda em pleno funcionamento.
- Que lances vão ser analisados? O vídeo-árbitro vai dar indicações ao juiz da partida na validação de golos, amostragem de cartões de vermelhos, expulsões de jogadores e na identificação de infrações disciplinares que possam não ter sido detetadas durante o jogo. A qualquer momento, o árbitro pode solicitar o apoio do vídeo-árbitro ou, ele próprio, consultar as imagens dos lances através de monitores colocados no lado oposto ao do banco dos suplentes.
No caso dos golos, o vídeo-árbitro vai a analisar a jogada desde o seu início, esclarecendo se houve o unão alguma falta, fora de jogo ou oura irregularidade desde o início do lance. Nos casos disciplinares, a intervenção do vídeo-árbitro visa, sobretudo, esclarecer dúvidas sobre a correta identificação dos infratores e dos factos que dão origem ao castigo.
- A indicação do vídeo-árbitro sobrepõe-se à do árbitro? Não. A decisão final sobre o lance em causa cabe sempre ao árbitro da partida. Aliás, o árbitro de jogo tem sempre de tomar uma decisão durante o jogo e só depois pode pedir a opinião do vídeo-árbitro. Não pode parar o jogo para decidir, tem de decidir primeiro e verificar depois.
- Que câmaras vão ser usadas? O sistema vai recorrer às mesmas câmaras que são usadas na transmissão televisiva dos jogos. Caso seja necessário, poderão ser usadas câmaras adicionais, o que já aconteceu nos jogos de teste realizados até ao momento.
- Qual o primeiro jogo a recorrer ao vídeo árbitro? Já houve várias experiências de utilização de vídeo-árbitro em jogos do campeonato e da Taça de Portugal, mas sempre em modo offline, ou seja, sem que houvesse intervenção deste na partida. A final da Taça de Portugal entre o Benfica e o Guimarães, marcada para 28 de Maio, vai ser a primeira vez que se usa o sistema com a possibilidade de ter influência no jogo. Esta operação deverá ser feita com uma carrinha de exteriores colocada junto ao Estádio do Jamor.
- As imagens podem ser vistas à posteriori para efeito de castigos disciplinares? A questão ainda está a ser analisada. Em princípio, tal não deveria acontecer, mas uma vez que as imagens do vídeo-árbitro são as mesmas da transmissão televisiva, é natural que possam ser usadas depois dos jogos, para avaliar situações que impliquem sanções disciplinares.
- Como se vai proceder quando houver vários jogos em simultâneo? A FPF pretende centralizar o sistema na cidade do futebol, mas está previsto o uso de carrinha de exteriores em estádio que não garantam uma ligação rápida a Oeiras. As mesmas carrinhas deverão ser usadas quando houver vários jogos em simultâneo
– sobretudo no caso da última jornada do campeonato, em que adversários diretos jogam à mesma hora.
- Quanto custa o sistema? A Federação avançou com o número de 1 milhão de euros para pagar todo o sistema, mas fontes da arbitragem dizem ao CM que este valor deverá ser largamente ultrapassado. Até porque, numa primeira fase, o recurso a carrinhas – com as despesas de deslocação de árbitros e técnicos - deverá ser necessário.
- Quanto recebe cada vídeo-árbitro?
O valor ainda não está fechado pela Federação, mas o CM apurou que deverá rondar os 400 euros por jogo.
- As equipas podem solicitar a intervenção do vídeo-árbitro? Para já, essa possibilidade não está prevista, mas fonte da federação revela que esse cenário foi ponderado e poderá acontecer no futuro. Por agora, apenas o árbitro da partida pode pedir para ver as imagens. Os ecrãs em que o juiz do jogo pode ver as imagens serão propositadamente colocados no lado oposto ao dos bancos das equipas, para evitar que se instale a confusão enquanto o juiz toma uma decisão.