Ontem,
ao intervalo do Moreirense-Sporting, com os minhotos a vencer por 2-0,
lembrei-me do que me disse Luís Duque antes das eleições a que concorreu
ao lado de Godinho Lopes: "é preciso um cheque para despedir e outro
para contratar", afirmava o que ia ser o líder do futebol leonino face
ao que considerava um plantel demasiado fraco para as ambições que tinha
para o clube.
Mais tarde, depois dos dois golos de rajada com que o
Sporting reabriu o jogo, já recordei a reviravolta de 0-2 para 3-2 em
Paços de Ferreira com que a equipa então comandada por Domingos
Paciência deu inicio à recuperação na última Liga. Quando olhamos para a
fotografia toda, no entanto, verificamos que essa foi uma recuperação
abortada e está na base daquilo que se vê nestes dias: um Sporting que
apresenta piores resultados que aqueles que serviam de pretexto a Luís
Duque para exigir os tais dois cheques e que, apesar de ter tido as
ocasiões para tal, não foi capaz de fazer
no campo do último colocado desta Liga aquilo que há mais de um ano
fizera ao Paços de Ferreira.
No final, Vercauteren falou de erros e
de tempo para trabalhar. O tempo é, aliás, tudo o que resta ao Sporting,
que já falhou a sua revolução e onde agora já ninguém pode vir falar em
cheques para mudar radicalmente o plantel. Os seus responsáveis têm de
olhar para o tempo e perceber o que pode ser considerado razoável nesta
época condenada a ser horrível. O mínimo exigível é mostrar progressos
em cada jogo. O de ontem foi melhor do que o último - pudera! - mas a
equipa mostrou que não está preparada sequer para que lhe falem numa
qualificação para a Champions, quanto mais para lutar por ela. Este
Sporting precisa de correr por fora, mas é evidente para todos que isso
não é possível, porque não se pode desligar de repente a atenção dos
adeptos e dos media. Por isso, só lhe resta prolongar a agonia. E
esperar que o próximo jogo seja um pouco melhor que o de ontem.